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A gente sabe que faz mal… e mesmo assim repete. Por quê?

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Quem nunca pensou assim:

  • “Eu jurei que nunca mais ia me envolver com alguém assim.”

  • “Eu prometi que não ia me sobrecarregar de novo.”

  • “Eu disse que não ia aceitar esse tipo de situação mais uma vez.”

E quando se dá conta… lá estamos nós. Fazendo igualzinho. Por que será que mesmo sabendo que algo nos machuca, a gente repete?


O cérebro adora um caminho conhecido (mesmo que ruim)

A neurociência tem uma explicação bem clara pra isso: Nosso cérebro é uma máquina de economizar energia. Ele adora tudo que já conhece porque isso consome menos esforço. Por isso, mesmo que um padrão nos faça mal, ele já virou um caminho fácil, automático, quase confortável.

Exemplo prático: Você sempre aceita mais trabalho do que consegue dar conta. Já sabe que vai acabar exausto(a), irritado(a), culpado(a). Mas no momento que dizem “preciso de você”, seu cérebro lembra: “Aqui a gente já sabe o roteiro. Melhor seguir do que criar um desconforto novo.” É como dirigir por aquela rua cheia de buraco porque você já decorou onde desviar. Mesmo sabendo que tem uma alternativa melhor…


Família, infância e as “verdades” que a gente carrega sem perceber

Outro fator forte: as crenças que formamos na infância. A forma como fomos educados(as), os exemplos que vimos, as mensagens que ouvimos (“Homem não chora”, “Você tem que ser forte”, “Mulher precisa aguentar mais”) criam verdades internas que orientam nossas decisões sem que a gente perceba.

Exemplo prático: Uma mulher que viu a mãe sempre “segurando a barra” sozinha pode ter dificuldade de pedir ajuda ou aceitar apoio, repetindo sem perceber esse papel de carregar tudo sozinha.

Isso tem nome: lealdade invisível ao sistema familiar. (Ivan Boszormenyi-Nagy, teoria das Constelações Familiares)


Por que é tão difícil quebrar esses padrões?

  1. Porque eles dão sensação de segurança (mesmo que seja uma segurança desconfortável).

  2. Porque mudar exige sair da zona conhecida e enfrentar o medo da rejeição, da crítica, do fracasso. "Zona de conforto", mas lembre-se: até o fundo do poço pode se tornar a zona de conforto, por ser o que é conhecido.

  3. Porque nossa identidade muitas vezes foi construída em cima desses papéis (“Eu sou assim mesmo, eu sempre fui a pessoa que aguenta tudo”).


Como isso aparece no dia a dia?

Exemplos comuns de repetição de padrão:

  • Relacionamentos abusivos disfarçados de “eu aguento porque amo”.

  • Aceitar sobrecarga no trabalho pra não parecer fraco(a).

  • Sabotar conquistas porque “não sou bom o suficiente pra ter sucesso”.

  • Sempre se colocar por último, mesmo querendo mudar.

  • Repetir relações familiares dentro dos próprios relacionamentos amorosos.


O que dizem psicólogos brasileiros sobre isso?

Rossandro Klinjey, psicólogo, destaca que repetimos padrões por vínculos emocionais inconscientes e por não termos aprendido a fazer diferente.

“A mente prefere o inferno conhecido ao paraíso desconhecido.”


Regina Navarro Lins, psicanalista, fala sobre como o medo da rejeição e da solidão nos faz aceitar repetir padrões que já reconhecemos como ruins.

“É mais confortável manter o script conhecido do que encarar a dor de tentar algo novo.”


Como começar a quebrar esse ciclo?

  1. Reconheça que existe um padrão.

Parece óbvio, mas muitas vezes só notamos quando alguém de fora aponta ou quando já estamos cansados demais.

Exemplo prático: Anote 3 situações da sua vida que se repetiram nos últimos anos e te trouxeram frustração. O que elas têm em comum?


  1. Entenda a função emocional desse padrão.

Todo comportamento existe pra te proteger de alguma coisa (mesmo que de forma torta). Talvez você aceita demais pra não se sentir rejeitado. Talvez se sabota pra não enfrentar o medo de falhar.


  1. Crie micro mudancinhas (não tente revolucionar tudo de uma vez).

Não precisa virar outra pessoa amanhã. Comece com pequenos passos:

  • Dizer “não” em situações pequenas

  • Permitir-se errar em algo sem se culpar por dias

  • Reconhecer uma crença limitante e conversar com ela: “Será que você ainda me serve?”


“Pelo menos agora a gente repete os padrões já sabendo que está repetindo. Isso já é evolução.”


A terapia é o espaço onde você desata esses nós com calma (e sem se culpar tanto)

Na terapia, você começa a entender seus ciclos com mais clareza e menos julgamento. Descobre que pode sair desse looping sem precisar quebrar tudo à sua volta, só aprendendo a andar por caminhos novos, mesmo que devagar.


Se você percebe que repete histórias que já sabe onde terminam, talvez esteja na hora de reescrever esse roteiro. Quando quiser, eu tô aqui pra ajudar.



 
 
 

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