Por que você sente que está sempre atrasado — mesmo quando não tem nada pra fazer? Ansiedade?
- Priscila Stacul

- 29 de jun.
- 2 min de leitura

Você acorda, abre o olho, pega o celular e... pronto. Em menos de dois minutos, já está com a sensação de que tem algo atrasado, pendente, urgente. Mas você nem sabe o que é. Aliás, talvez nem exista.
Se você sente que está sempre correndo — mesmo quando está parado —, você não está sozinho(a). Esse é um fenômeno cada vez mais comum, especialmente entre adultos brasileiros nos últimos anos. E ele tem explicação neuropsicológica, emocional e até cultural.
Ansiedade não é só “preocupação”
Ao contrário do que muita gente pensa, ansiedade não é só “pensar demais” ou “se preocupar por antecipação”. Na verdade, ela envolve uma resposta fisiológica real: o corpo entra em estado de alerta, como se um leão estivesse à espreita.
Na prática, o cérebro aciona o eixo HPA (hipotálamo–pituitária–adrenal), que libera cortisol e adrenalina. Isso aumenta o batimento cardíaco, o foco nos estímulos externos e a tensão muscular. Tudo isso é ótimo... se você estiver fugindo de um incêndio. Mas não tão útil se só está tentando escolher qual e-mail responder primeiro.
A mente no futuro, o corpo em alerta
A ansiedade cria uma ilusão de urgência. Você sente que algo precisa ser resolvido agora — mesmo que não haja nada tão crítico assim. Essa “urgência emocional” muitas vezes esconde outras coisas: medo de falhar, de ser julgado, de decepcionar. Ou simplesmente um vazio existencial disfarçado de produtividade.
E o mais interessante? Isso tudo pode virar hábito neural. O cérebro, por ser plástico, começa a repetir esse padrão automaticamente. Resultado: estamos sempre prontos para reagir, mas raramente conseguimos pausar para sentir.
O “modo corre” crônico
Talvez você se identifique com frases como:
“Eu tô cansado(a) até quando acordo.”
“Tenho que fazer mil coisas, mas não sei por onde começar... então não faço nada.”
“Sinto culpa até quando descanso.”
Esses pensamentos são sintomas de uma ansiedade que deixou de ser funcional. E infelizmente, isso tem se tornado comum no Brasil, país que lidera o ranking mundial de pessoas ansiosas (segundo dados da OMS). Não é drama — é dado.
Uma prática para começar agora
Vamos experimentar algo rápido?
Feche os olhos por 30 segundos (de verdade, vai lá).Respire fundo.Agora, pergunte-se:
"Essa urgência é real... ou é uma distração de algo mais profundo que estou evitando sentir?"
Às vezes, estamos ocupados demais porque temos medo do que o silêncio vai mostrar.
Psicoterapia: um espaço onde o tempo desacelera
Você não precisa enfrentar esse “modo corre” sozinho(a). Na psicoterapia, a gente cria um espaço seguro pra entender de onde vem essa urgência e como regular seu sistema nervoso, sem precisar viver em estado de alerta o tempo todo.
Porque sim: é possível viver com mais leveza, mais presença e menos cobrança.
Se esse texto fez sentido pra você, talvez seja o momento certo pra começar essa conversa de verdade. Quando quiser, estou por aqui.







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