Responsabilidades emocionais em família: até onde vai o seu papel?

Priscila Stacul
13 de jul.
2 min de leitura

Você se sente responsável pelo bem-estar emocional de todo mundo?

Se alguém da família está triste, você corre pra resolver.
Se tem um conflito, você tenta mediar tudo sozinho(a).
Se alguém faz uma escolha ruim, você se culpa por não ter ajudado mais.

Se identificou? Talvez você esteja carregando responsabilidades emocionais que não são suas.

O que a psicologia explica sobre isso?

Segundo a Teoria dos Papéis Familiares (Virginia Satir, 1991), dentro da família assumimos, muitas vezes inconscientemente, funções emocionais como:

O pacificador
O forte
O responsável
O que nunca pode falhar

Esses papéis surgem, muitas vezes, na infância, quando aprendemos que nosso valor vinha de manter a harmonia familiar.

Mas... e quem cuida de você enquanto você cuida de todo mundo?

O que acontece quando você assume tudo?

Emocionalmente: você fica exausto(a), sobrecarregado(a), irritado(a).
Na prática: ninguém aprende a se responsabilizar pelas próprias emoções, porque tem alguém sempre resolvendo tudo.

Na psicologia sistêmica (Murray Bowen, 1978), isso é chamado de diferenciação emocional: É o equilíbrio entre estar conectado à família, sem ser absorvido emocionalmente por ela.

Até onde vai o seu papel?

Você pode:

Cuidar com carinho
Oferecer apoio emocional
Ser presença segura

Mas você não pode:

Impedir o sofrimento do outro
Resolver os conflitos que não são seus
Ser o pilar emocional da família inteira sozinho(a)

Cada adulto precisa aprender a lidar com suas próprias dores.

“Você não é terapeuta da sua mãe, consultor do seu pai, nem coaching do seu irmão. Você é filho(a), irmão(ã), parente. E isso já dá trabalho suficiente.”

Prática de auto-reflexão:

Pegue papel e caneta e escreva:

O que é meu? (ex: minhas emoções, meus limites, meu cuidado)
O que é do outro? (ex: as escolhas dele, os sentimentos dele, as consequências dele)

Só esse exercício já ajuda a clarear onde termina a sua responsabilidade e começa a liberdade do outro.